Conjugando sentimentos

on sábado, 7 de março de 2009
Eu amo, tu amas, nós nos amamos. Que perfeita conjugação. No verbo amar não há espaço para ele, muito menos para vós, eles então é pura safadeza. É indefectível por força maior: Paixão, essa que ludibria qualquer regra gramatical visto que a língua ganha funções mais notáveis e deveras mais agradáveis.
Os sentimentos do coração exigem de certa forma um certo desapego e sublimação das outras coisas. Eis que vos falo coisa bem nova, a corrente intelectual afirma que é necessário não viver em torno do umbigo da pessoa amada. Até aí está tudo bem bonito e certo, mas tem um contraponto, um lado pouco explorado nas relações: A falta de parceria.
Na modernidade que vivemos, essa de geração canguru, matrimônio atado ao cordão umbilical , amigas forever e cada um no seu espaço nos distanciamos bastante do que em principio é uma relação sólida, e não apenas um sexo casual. É impressionante como pessoas não sabem viver longe das opiniões alheias.
Eles, os pombinhos apaixonados, têm que saber se virarem sozinhos. Está certo que nenhum deles é uma ilha para como náufragos se isolarem da família e amigos, longe disso, eles são a bóia de emergência. Mas brincar de casalzinho exige deixa-la para momentos extremos, e não para carta na manga a cada dilema existencial. Tem que saber se virar. Se a cada chuvinha que entra no barco der vontade de abandonar a embarcação é porque algo está muito errado. Passar certo aperto e enfrentar como casal mostra não só maturidade, mas que podemos contar com o outro como nosso porto seguro. Quando aparecer aquele problemão, sente com aquele que além de amante é seu melhor amigo, e sem preocupação exasperada que só desgasta uma relação, converse. Quem falou que amar é viver num mar de rosas deve ter sido um publicitário muito picareta e sem ética. Amar exige um pouco de dor, um pouco de paciência, um pouco de abnegação, mas essa conjunta, unida e repartida. Dividida e mais facilmente suportada.
Parceria é uma coisa super valorizada numa relação. É bom saber que dá pra contar com a pessoa que no meio de 6 bilhões de seres vivos escolhemos para trocar algumas bitocas. Colegas de trabalho ou amigas de infância são ótimas pessoas para passar o tempo mas não para serem conselheiros da vida. Afinal, seja o que acontecer, não é com eles que você irá contar. E nada é mais frustrante que saber que sua cara metade prefere eles do que você para compartilhar alguma coisa importante para ela. Mesmo não sendo o especialista, você gostaria de ao menos saber para apoiar, não de ser deixado de lado. Não havemos de nos desvencilhar de nossa independência, mas sim saber que ninguém nesse mundo nos quer tão bem como quem nos guarda no coração.
Pra terminar e fazer com que todas as conselheiras sentimentais de revistas semanais me queiram enforcado num poste, ou coisa pior como ser obrigado a ver BBB 24 horas por dia no pay-per-view, vou negar mais um mito de massa: Ciúmes não estraga relações amorosas. O excesso dele sim, mas o ciúme é uma bendita benção num par de dois, que se amam é claro. É a chance ideal de pelos ouriçados e olhos atentos, notar a perfeição que temos em nosso lado, e que podemos perde-lo se não dermos valor e ainda acabar com toda insegurança numa tacada só. É a chance de conversarem, de dizerem que podem existir pessoas muito interessantes (humanos são seres em eterno fascínio), mas que nenhuma delas faz tão feliz quanto àquela que escolheu para estar do seu lado. Agora me diz se isso não acaba com qualquer excesso? Traz até certa paz e tranqüilidade, ele (a) lhe ama, ponto. Amar é ser ciumento, inseguro e caprichoso. É saber que todo dia é dia de tentar ganhar uma garota, no caso a fulaninha de tal que você leva escrita na sua aliança, ou pra não cair em convenções, na sua mente.
Hoje em dia a maioria das pessoas não gosta de por nomenclatura nas relações que vivencia, talvez por isso elas não saibam diferenciar as responsabilidades de cada fase. Seja como for, reflita se a pessoa que está do seu lado agora é alguém que é tudo para você, não na visão absolutista da coisa, não um objeto de abitolamento, mas daquela que diz que num período bom ou ruim é tudo o que você irá precisar. Do tipo: Você e mais um pacote de bolacha eu passo um mês. Não é cantada, esqueça a bolacha e aumente em confiança. Vai valer muito mais a pena.