Acredito que muitos ficarão possessos com o que vou
dizer, porém vivemos em um país democrático e eu quero apenas expressar minha
opinião nesse mar de ideias de todos os tipos. Lancei um texto a respeito do
que acho do movimento que tomou conta das principais capitais do Brasil. Pra
resumir falei que o povo tem que mudar também e que em parte somos culpados
disso tudo, não há como negar. Porém ao final de uma semana em que pudemos
pesar as coisas e achar os pós e os contras, eu cheguei em uma análise que eu
não queria: O povo não sabe o que é melhor para ele.
Pronto. Agora vai começar fulaninho falando que isso
é um retrocesso a uma coisa muito maior e que certamente eu não sei o que estou
falando. Talvez você esteja certo, caro acusador, talvez não. Pelo menos me leia.
Tenho notado que em um movimento tão grande inúmeros grupos tem se levantado
para defender todo tipo de ideal e apologias sem sequer parar para pensar que o
grito do povo não é imperativo como todos bradam, é argumentativo. Temos que
querer conversar, não decidir. Existem pessoas pedindo pela legalização do
aborto e ei, acho justo conversarmos a respeito e não estou me dizendo nem a
favor, nem contra, o que digo é que isso é algo que devemos conversar. Vale
vestir a camisa, mas em uma revolução de mudança esse não é um tópico
pertinente. E esse é um grupo leve, pois tem muita coisa muito mais grave sendo
cultivada em grandes grupos camuflada sem querer por gente de bem acreditando
em mudanças boas. Também já falei que muitos afirmam que sangue é necessário em
um processo de nascimento de uma nova geração assim como um parto traz uma nova
vida, mas isso está errado. Se você luta contra uma força opressora, tente não
se assemelhar a ela. Ainda há o detalhe de que muita gente achou bodes
espiatórios específicos e de uma longa inimizade. Não tenho nada contra a RBS,
filial da Globo no RS, mas vejo ódio e rancor nos olhos das pessoas quando
querem invadir um órgão de imprensa para sambar na cara dela. Sim, a Globo
sempre criou uma imagem distorcida do Brasil e com certa razão nos ninou em um
sonho utópico, mas podemos culpar ela por algo que nosso povo sempre quis? Você
assiste Malhação! Você doa seu dinheiro suado para o BBB de edição número 171.
Ah, e quem será que passa o dia todo com a TV ligada. Bem, não queria dizer,
mas ainda é você. Então por que descontar a fúria neles? Transforme esse sentimento
em algo melhor, em formas de libertar as pessoas, de se libertar
principalmente.
Voltando ao assunto anterior, o povo não sabe o que
quer, nem o que fazer. Bomba. Agora tu extrapolou, alguém vai dizer. Nós, o
povo, somos super esclarecidos, okay? Uhum, vai vendo. Ouço vozes falando de
tirarmos a Dilma do poder. Bem, você pode tentar isso. E depois? Quem vai
ocupar o lugar dela? Ninguém? Anarquia não é algo melhor do que já temos. Outro
político de sua preferência partidária? Certo, Papai Noel chegou mais cedo
então. Mas que porra devemos fazer? O primeiro passo foi feito. O povo mostrou
que não é manso. Que é uma leoa ciumenta de seus filhos e que esbraveja sobre
bravatas. Porém é insensato criar insurreições ou mesmo ilusões de que se pode
pedir algumas coisas absurdas. Ou criar um novo Estado Novo só que agora
governado pelo povo. Não, não dá. Independente de sua crença, em uma conversa
com um colega ele me falou que em outra vida você poderia ter barbarizado e não
seria justo lembrar nessa vida para que você pudesse fazer o certo sem aquele
peso. Minha resposta foi a mesma que aplico agora para a política: Arque com as
consequências de sua escolha. Sou apartidário e nunca votei no PT, mas não
adianta tirar a presidenta. Não se for colocar outro mequetrefe pelo menos...
Tem que cobrar e fazer valer aquilo que realmente nos representa. Nossa
Constituição de 1988 é boa, embora nem tudo seja levado ao pé da letra. Mas é
boa. O que temos que fazer é uma reforma administrativa. Algo que possamos
monitorar e punir nossos governantes. Esse é o poder do povo. Precisamos tomar
novamente em nossas mãos a chave do poder de pôr e tirá-los do poder, da ação.
E uma opinião pessoal minha: 4 anos é muito tempo. Pior ainda, os oito anos
para senadores. Se o tempo fosse mais curto como um ano ou dois eles pensariam
melhor antes de meter os pés pelas mãos, pois bobeou, dançou.
Em tese nossos representantes são “o melhor de nós”.
Era pra ser assim: Escolhemos de uma população os caras com as maiores visões
racionais e equilibradas, talvez até os homens mais sagazes e sapientes de
nosso povo. Ou seja, nossa nata. Porém em uma cesta de maçãs apodrecidas é
difícil tirar uma suculenta. Somos conhecidos e gostamos desse rótulo que somos
um povo malandro, espertalhão. E depois reclamamos quando colocamos no Planalto
os melhores dessa arte.
Há ainda algo que quero falar. Muitos falam mal do
funcionalismo público, mas não sabem a bobagem que isso é se for algo da boca
pra fora, sem base. O ideal não seria pedirmos por hospitais que funcionem, mas
sim por injetarem rios de dinheiros de impostos em Educação e Salários Dignos,
pois assim todos poderíamos consultar em clínicas particulares e tava tudo
certo. Pois só espaços de medicina não resolvem na totalidade. Existe muitas
outras coisas em jogo como profissionais mal motivados e yada yada... Daí se
apenas investirmos no SUS e esquecermos de dar bola para os servidores públicos
fique certo que você será mal atendido, diagnosticado erroneamente e padecerá
de muitos abusos. Então não seja bobo de defender o fim do funcionalismo
público, não enquanto o salário perfeito e a educação maestral não saírem do
papel. Eu sou funcionário público concursado e me esforço muito para cada dia
atender o melhor que posso a cada pessoa do município, meus colegas de trabalho
que digam que não se for mentira. Eu mudo muitos mundos no trampo. Trabalhar é
protestar quando se faz honestamente, acreditem. Poderia citar 2 pessoas que
conheci e que se dizem envolvidas nesse processo todo, mas que uma só estava de
olho em um CC e outra que faz seu trabalho mal e porcamente e grita por
mudança. Ah, vão se catar as duas.
Não quero prendê-lo mais. Até porque o chamado das
ruas lhe afaga o ouvido. Só quero ainda dizer para não ir para a batalha sem a
melhor arma: O cérebro. Lute nas ruas, mas estude em casa as soluções.
Revolucione, mas seja a mudança dentro e fora. E por último, mas não menos
importante... Lembre que você, eu e os políticos somos todos “povo”, mas que o
que muda e vai fazer a diferença é a vontade de fazer o certo e mostrar que não
somos mais aquela gente que não entende das coisa, mas que entendemos e iremos
mobilizar o mundo com nossos ideais. E que não sucumbiremos diante das
tentações de fazer o mais fácil e que nos beneficia.
Povo, acorde,
esqueça o gigantismo. Não somos parte da opressão, somos os pequenos sonhadores
de hoje por um futuro gigante amanhã.